ICMS de compras internacionais será de 20% a partir de abril: O que muda para o consumidor?
- Robert Murph
- 7 de dez. de 2024
- 3 min de leitura
A partir de abril de 2025, o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre compras internacionais sofrerá um aumento significativo, passando de 17% para 20%. Esta decisão, tomada pelo Conselho Nacional dos Secretários de Fazenda dos Estados e do Distrito Federal (Comsefaz), gerou debates acalorados e preocupações entre consumidores e empresas de e-commerce que operam com importações. Neste artigo, detalharemos as implicações desta mudança, analisaremos as justificativas do governo e exploraremos as possíveis consequências para o mercado brasileiro.

O que significa o aumento do ICMS para importados?
O aumento de 3 pontos percentuais no ICMS representa um acréscimo considerável no custo final de produtos importados. Para o consumidor, isso significa pagar mais caro por itens comprados em plataformas de e-commerce internacionais como Shopee, Shein, AliExpress, entre outras. A taxa incide sobre o valor total da mercadoria, incluindo o frete e quaisquer outras taxas de importação.
Imagine comprar uma blusa por US$ 20. Antes da mudança, o ICMS seria de 17% sobre o valor convertido em reais (considerando uma taxa de conversão hipotética de R$5,00 por US$1,00, o valor seria R$100,00, e o ICMS seria de R$17,00). Com o aumento, o ICMS será de 20%, resultando em R$20,00 de imposto sobre os mesmos R$100,00. Este acréscimo, aparentemente pequeno em cada compra individual, pode se tornar significativo ao longo do tempo, especialmente para quem realiza compras internacionais com frequência.
Justificativas do governo para o aumento do ICMS
O Comsefaz justifica o aumento do ICMS sobre importações com o objetivo de promover a isonomia tributária entre produtos nacionais e importados. A ideia é criar um ambiente de concorrência mais justo, protegendo a indústria nacional e incentivando a geração de empregos no país. A nota oficial do Comsefaz destaca que a medida visa:
Equilibrar a concorrência: Aumento da competitividade dos produtos nacionais frente aos importados, que muitas vezes possuem custos tributários menores.
Fortalecer a indústria nacional: Incentivar a produção e o comércio locais, reduzindo a dependência de importações.
Ampliar a geração de empregos: Estimular o crescimento econômico interno através do aumento da produção nacional.
No entanto, críticos argumentam que o aumento do ICMS pode impactar negativamente o consumidor, aumentando o custo de vida e limitando o acesso a produtos mais baratos oferecidos internacionalmente. Além disso, há quem questione a eficácia da medida em realmente proteger a indústria nacional, argumentando que outros fatores, como a burocracia e a alta carga tributária interna, também influenciam a competitividade.
Impacto no mercado e no consumidor
O aumento do ICMS sobre importados terá um impacto considerável em diversos setores:
E-commerce: Empresas de e-commerce que trabalham com importações sofrerão um aumento nos custos operacionais, o que pode levar a um reajuste de preços para o consumidor ou a uma redução na margem de lucro.
Consumidores: O aumento de preços afetará diretamente o poder de compra dos consumidores, especialmente aqueles que dependem de compras internacionais para adquirir produtos específicos ou mais baratos.
Indústria nacional: Embora o objetivo seja proteger a indústria nacional, o impacto real ainda é incerto. Alguns setores podem se beneficiar, enquanto outros podem enfrentar desafios adicionais.
É importante ressaltar que a alíquota de 20% será aplicada a produtos importados que utilizem o Regime de Tributação Simplificada (RTS). Estados com alíquotas inferiores a 20% precisarão de aprovação de suas Assembleias Legislativas para adequar suas legislações à nova regra.

Alternativas e perspectivas futuras
A discussão sobre a tributação de produtos importados é complexa e envolve diversos interesses. Algumas alternativas que poderiam ser consideradas incluem:
Revisão da legislação tributária: Simplificar a burocracia e reduzir a carga tributária sobre produtos nacionais para aumentar sua competitividade.
Investimentos em infraestrutura: Melhorar a logística e a infraestrutura para reduzir os custos de produção e transporte de bens nacionais.
Incentivos fiscais: Oferecer incentivos fiscais para empresas nacionais que investem em inovação e tecnologia.
A longo prazo, a eficácia do aumento do ICMS em alcançar seus objetivos dependerá de uma série de fatores, incluindo a resposta do mercado, a capacidade do governo em implementar políticas de apoio à indústria nacional e a adaptação das empresas ao novo cenário tributário. O acompanhamento dos impactos desta medida será crucial para avaliar sua real contribuição para o desenvolvimento econômico brasileiro.
Conclusão: Preparando-se para as mudanças
O aumento do ICMS sobre compras internacionais é uma realidade que impactará consumidores e empresas a partir de abril de 2025. É fundamental que os consumidores estejam cientes desta alteração e se preparem para o aumento de preços em produtos importados. As empresas do setor de e-commerce precisarão se adaptar à nova realidade tributária, buscando estratégias para minimizar os impactos negativos e manter sua competitividade. O debate sobre a melhor forma de equilibrar a proteção da indústria nacional com o acesso do consumidor a produtos diversos e acessíveis continuará em pauta. Acompanhar as discussões e as ações governamentais será essencial para entender as implicações a longo prazo desta mudança.
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